Uma das melhores maneiras de
entender como somos governados por essas realidades extrínsecas é analisar a
Lei da Colheita. Na agricultura, é fácil observar e concordar que as leis e os
princípios naturais governam o trabalho e determinam a colheita. Nas culturas
social e empresarial, porém, pensamos que somos capazes de nos livrar do
processo natural, tapear o sistema e ainda assim ganhar o dia. E há um monte de
evidências que parecem sustentar essa crença.
Por exemplo, você já deu um
“jeitinho” na época do colégio e passou o semestre inteiro levando a vida na
flauta para então virar a noite na véspera da prova final com a cabeça enfiada
nos livros?
Você pode se imaginar dando um
“jeitinho” em alguma atividade agrícola?
Caso se esquecesse de plantar na
primavera, ignorasse todas as tarefas durante o verão e pegasse pesado só no
outono – arando o solo, semeando, irrigando, cultivando-, acredita que iria
obter uma farta colheita da noite para o dia?
O “jeitinho” não funciona em
sistemas naturais, como é o caso da agricultura. Essa é a diferença fundamental
entre o sistema social e natural. Um sistema social é baseado em valores; um
sistema natural, em princípios. No curto prazo, o “jeitinho” dá a impressão de
funcionar em um sistema social. Você utiliza “soluções rápidas” e técnicas e
obtém aparente sucesso.
Mas, no longo prazo, é a Lei da
Colheita que rege todas as arenas da vida. Quantas pessoas devem se arrepender
de ter levado a escola na flauta? Conseguimos o diploma, mas não a formação. Em
algum momento concluímos que há uma diferença entre ser bem-sucedido no
desenvolvimento da mente – a habilidade de pensar de forma analítica, criativa
e abstrata, de nos comunicar oralmente e por escrito, de ultrapassar
fronteiras, de superar condutas antiquadas e de resolver problemas de um jeito
novo, melhor.
E o caráter? É possível viver
empurrando as coisas com a barriga e de repente se tornar uma pessoa íntegra,
corajosa ou capaz de compaixão? E quanto à saúde física? Não adianta passar a
noite que antecede a maratona em um spa, se há nove anos você leva uma vida
sedentária à base de batatas fritas e tortas de chocolate.
E seu casamento? Saiba que a
duração dele vai depender da lei que você escolher para governa-lo: a Lei da
Escola ou a Lei da Colheita. Muitas pessoas se casam e não querem alterar seu
estilo de vida. São o que chamamos de solteiros casados. Eles não se dão ao
trabalho de cultivar as sementes de um propósito compartilhado, do altruísmo,
do carinho, da ternura e da consideração, e ainda assim se surpreendem na hora
da colheita. As soluções rápidas do sistema social e as técnicas de ética de
personalidade que tentam adotar para resolver o problema simplesmente não
funcionam, porque paliativos não têm o poder de substituir as estações de
plantio, cultivo e cuidado.
No curto prazo, as “soluções
rápidas” obtêm aparente sucesso. Conseguimos impressionar, jogar charme.
Aprendemos técnicas de manipulação – qual alavanca puxar e qual botão apertar
para obter a reação desejada. Mas, no longo prazo, a Lei da Colheita rege todas
as áreas da vida. E não há como burlar a colheita. Como disse o Dr. Sidney
Bremer em seu livro, Spirit of Apollo:
A natureza é extremamente harmoniosa. Não podemos perturbar seu
equilíbrio, pois sabemos que é regida pela infalível e inexorável Lei de Causa
e Efeito. Entretanto, não conseguimos encontrar nosso equilíbrio enquanto
noções e indivíduos, pois ainda não aprendemos que a mesma lei funciona de
maneira inexorável tanto na vida humana e na sociedade quanto na natureza – só
vamos colher o que plantamos.