Muitos executivos questionam sobre os desafios da liderança para a nova década, mas falar desses desafios já é um deles. Diferente de outras áreas como a econômica e política que permitem um apontamento futuro de suas ações, na área de liderança é diferente, pois falamos de uma tendência de décadas e que leva tempo para se transformar.
Podemos tomar como parâmetro a frase de Peter Drucker, um dos maiores pensadores de gestão ao comentar sobre qual foi a maior contribuição gerencial e de liderança do século passado e qual será a do atual. “No século XX, os ativos mais valiosos de uma empresa eram seus equipamentos de produção. No século XXI, os ativos mais valiosos de uma instituição, seja ela comercial ou não, são o conhecimento e a produtividade de seus funcionários. Porém, estamos totalmente despreparados para isso.”
Essa observação de Druker nos ajuda a escrever um cenário. O conhecimento e a produtividade dos colaboradores são os ativos mais importantes das organizações, mas será que no papel de líderes e colaboradores estamos preparados para atingir a grandeza organizacional e dessa maneira promover a troca de conhecimento?
Testemunhamos uma das mais significativas mudanças na história, especialmente dentro das corporações, que é a transição da Era Industrial para a Era do Conhecimento. Uma leitura que recomendo e que apresenta perfeitamente esse momento é o 8º Hábito - Da Eficácia à Grandeza, de Stephen Covey. A obra nos indica um caminho para por um ponto final na Era Industrial, onde as pessoas eram vistas como coisas e algo substituível.
Em um cenário atual ainda assistimos comportamentos do século passado, onde não havia comunicação e visão de colaboração. Em linhas diretas: manda quem pode e obedece quem tem juízo.
Uma pesquisa recente mostrou que a distância do poder do brasileiro é muito grande, ou seja, os CEOs e diretores ficam em um pedestal, sem comunicação com seus subordinados. Nos países europeus e norte-americanos, há uma cultura diferente, a porta está sempre aberta para um diálogo de igual para igual, o que raramente acontece aqui no Brasil. Até mesmo por parte dos subordinados não há interesse, pois a cultura da distância está enraizada, e é preciso uma quebra de paradigma.
É justamente isso que precisamos mudar, tanto na liderança como com os subordinados. Há uma necessidade constante de um aculturamento e de uma preparação dos dois lados com o objetivo de indicar que o líder está ali para dar direção e mostrar a visão. Vale lembrar que 80% dos resultados das organizações, ou mais, vem da linha de frente, dos colaboradores e não da diretoria ou presidência.
Se o profissional no papel de líder não tiver essa visão acaba desperdiçando oportunidades grandiosas de conhecer mais o que está se passando na linha de frente, o principal gerador de resultados. Com esse estilo de liderança as organizações tendem a não obter o engajamento dos indivíduos, pois quando as pessoas não são envolvidas elas não se comprometem, e sem envolvimento não há comprometimento.
Quando falamos de visão para os próximos anos é preciso colocar em pauta o agir com interdependência. No ano passado tive uma experiência interessante no Sequoia National Park. Localizado no Estado da Califórnia, reúne árvores que chegam a cem metros de altura e têm cerca de dois mil anos de idade. Para abraçar uma dessas árvores seria preciso cerca de vinte homens. O mais impressionante dessa espécie é que apesar de suas características robustas, suas raízes não chegam a três metros de profundidade.
E como elas conseguem se sustentar firmes por centenas de anos? O segredo é que as raízes se entrelaçam e uma sustenta a outra.
Esse exemplo da natureza nos mostra que pelo fato de vivermos em uma sociedade interdependente nós dependemos uns dos outros e precisamos justamente seguir esse exemplo que é a interdependência entre as pessoas.
E o líder que tiver essa visão juntamente com seus colaboradores obterá muito mais sucesso nessa nova década, alcançando resultados altamente eficazes, sustentáveis e uma organização grandiosa.
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