Os princípios regem nossa existência,
queiramos ou não, pois mesmo quem age desacordo com eles sofre as
consequências. É comum confundirmos valores com princípios; todavia, são coisas
muito diferentes.
Os valores são pessoais,
subjetivos e contestáveis, e podem, ou não, estar alinhados aos princípios. Não
são necessariamente éticos, dependendo do caráter e da personalidade de quem os
adota. Gandhi era um homem cujos valores pessoais – como a não-violência, a
igualdade e a liberdade – estavam alinhados aos princípios. Hitler, por outro
lado, tinha valores pessoais – por exemplo, a supremacia da raça ariana, a
dominação pela força, a aniquilação de qualquer oposição -, mas não possuía princípios.
No entanto, isso não o impediu de sofrer as consequências de ter ignorado os princípios.
O legado que ele deixou foi um dos mais nefastos da história. Enquanto Gandhi
permanece até hoje como exemplo e inspiração para a humanidade, Hitler entrou
para o rol das figuras mais odiadas da humanidade.
Nem sempre é fácil ater-se aos
princípios. Na verdade, em nosso dia-a-dia, somos constantemente convidados a
negligenciá-los – seja por comodismo, seja pela ilusória tentação de obtermos
vantagem imediata, seja pela equivocada ideia de que “os outros estão fazendo
isso e se dando bem”.
E assim, aqui e ali, atitudes questionáveis,
mas “aparentemente insignificantes”, vão se acumulando: não devolver o troco
quando se recebe a mais, ultrapassar o sinal vermelho quando ninguém está
vendo, uma ou outra pequena mentira para deixar o currículo mais vistoso,
sonegar algum imposto achando que não será apanhado, e gradualmente, quase sem
perceber, passa-se a atitudes não tão “insignificantes”: assumir os créditos
por um serviço que não fez, fechar os olhos ante uma injustiça para os erros,
permitir que nossa dignidade, ou a de outros, seja ferida em nome da boa
convivência com o chefe, da manutenção do emprego, do status, do poder, da
fama. Tudo isso nos coloca na mesma posição do sapo que, ao ser jogado na água
quente, salta para fora de imediato. Porém, se a água estiver à temperatura
ambiente e for lenta e progressivamente aquecida, ele irá acostumar-se a ponto
de se deixar cozinhar. É exatamente nessa situação que nos encontramos quando
fazemos concessões – por mais insignificantes que possam parecer, são capazes
de comprometer, pouco a pouco, nossa integridade.
Reflita!
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