A transição é um processo no qual
um sistema é substituído por outro. E, como todo processo, tem seu tempo de
maturação, para que as transformações possam ser absorvidas e incorporadas por
todos. Nesse contexto, a mudança passa a ser vista como um aspecto da
transição, como meio, e não como fim. O objetivo da transição não é
simplesmente mudar, mas garantir que as mudanças conduzam à ruptura de hábitos,
tradições, mentalidades ou estruturas prejudiciais, obsoletos ou improdutivos,
implantando, no lugar disso, um sistema mais benéfico e produtivo. Porém, a consolidação
desse novo sistema é gradual – ela só se realiza à medida que as pessoas
envolvidas forem assimilando conscientemente o processo de transição. Ao contrário
da transição, a mudança muitas vezes pode ser vista como um fim em si mesmo,
como uma forma mais rápida de “queimar etapas” e modificar determinada
realidade. Pode ser arbitrária em vez de participativa, e arrastar as pessoas
em vez de gerar uma nova consciência. O resultado disso é que as transformações
desejadas não são alcançadas – ou são alcançadas, mas não são assimiladas e,
com isso, não se consolidam. Como toda Figura de Transição sabe, a assimilação
requer perseverança, e qualquer mudança que desconsidere esse aspecto
fatalmente provocará resultados efêmeros e inconsistentes – quando não
desastrosos. Muitos de nós já passamos por experiências assim nas vidas pessoal
e profissional. Já vimos aquele parente ou amigo que está sempre em
dificuldades anunciar, de forma entusiástica, que “agora as coisas vão mudar”. Mas
seu entusiasmo é tão intenso quanto passageiro, e a “grande guinada” vira
apenas uma intenção frustrada pela ausência da perseverança e do planejamento. Também
já vimos aquele novo chefe que chega prometendo “mudanças drásticas” e começa a
colocar a empresa de cabeça para baixo, sem que ninguém entenda exatamente
aonde ele quer chegar. Por fim, o caos, que ele chama de “fase de transição”,
acaba se perpetuando, e o chefe é demitido, deixando atrás de si uma situação
pior do que aquela que encontrou ao chegar e funcionários cada vez mais
desmotivados e céticos quanto à possibilidade de uma mudança real e para
melhor.
Talvez a melhor metáfora para a
perseverança seja a de um jardineiro cultivando o bambu chinês. Essa espécie de
planta pode levar quatro longos anos para se desenvolver. Durante esse período,
quem passar pelos canteiros verá apenas pequeninos brotos que parecem nunca
crescer. O jardineiro, porém, dia após dia, molha a terra e remove as ervas
daninhas. Ele se empenha, persiste e confia. No quarto ano, sua perseverança é recompensada:
o broto enfim, se desenvolve e, em pouco tempo, atinge a altura de 24 metros –
suas amplas raízes subterrâneas, que cresceram de forma lenta e gradual, porém
firme e persistente, lhe dão a sustentação necessária para um desenvolvimento
constante e acelerado.
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